No início, o homem se comunicava por meio de sinais, sons guturais ou ainda desenhos, que demonstravam seus sentimentos e necessidades, além de informar os demais membros que compunham a sociedade em que viviam.
Sendo assim, temos que a língua não é criada a partir de um único ser, ou seja, é necessário um grupo de indivíduos compartilhando o mesmo espaço para que ela se faça presente e apareça, já que a principal função da língua é a comunicação.
Para Saussure, a língua se divide em duas partes: langue e parole, onde a primeira seria como um sistema de signos interiorizado culturalmente pelos sujeitos falantes, enquanto o segundo refere-se ao ato individual de escolha das palavras para a enunciação; e afirmando a sua função coletiva ele nos diz: “ela é um fato social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.”[1]
Dessa forma, podemos afirmar que todos os meios que a humanidade utilizou para se comunicar é denominado língua. No entanto a forma como essa comunicação era transmitida aos demais povos, apresentando regras e meios de utilização, é o que temos como gramática.
A gramática é um livro que expõe noções e regras, tendo por base o uso da língua.
Dentre os tipos de gramática existentes, temos: a gramática normativa, que ignora as mudanças sofridas pela oralidade, reconhecendo no papel apenas as normas padrão e culta, onde a última seria a utilização correta das regras apresentadas pelos teóricos gramáticos e a primeira a maneira “parcialmente” parecida com a forma oral.
Temos ainda a gramática descritiva, que admite as diferentes variedades linguísticas (histórica, idade, regional, etc.), respeitando cada uma com base na análise do discurso e tendo o falante como ouvinte ideal.
E, além desta última citada, uma gramática internalizada, onde não existe nenhum erro, mas sim uma inadequação na forma de construir suas sentenças, desde que o mesmo a analise posteriormente e verifique sua gramaticalidade dentro da norma descritiva.
O último tipo apresentado é o mais próximo da modernização linguística atual, já que analisa o discurso de cada sentença criada, respeitando tanto a oralidade como a linguagem culta escrita, fazendo com que as estruturas de construção determinem sua variedade. No entanto, não quer dizer que escrever errado ou com abreviações inventadas seja aceito, pois a oralidade deve ser transcrita como modo de comunicação respeitando as normas cultas e/ou padrão da escrita.
Dessa forma, podemos concluir que a gramática não existe sem a língua, e a língua não existe sem um grupo de indivíduos, cuja convivência depende necessariamente da comunicação.
[1] Saussure, 1970, p.22 apud Nasi, 2007, p.4
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Maria de Fátima Gomes. O que é gramática. Internet: http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/1652955-que-%C3%A9-gram%C3%A1tica/ – acesso em 04/11/2009.
NASI, Lara. O conceito de língua: um contraponto entre a Gramática Normativa e a Linguística. Revista Urutagua – revista acadêmica multidisciplinar – http://www.urutagua.uem.br/013/13nasi.htm. Nº 13 – ago/set/out/nov.2007: Maringá